Quem faz o Natal?

A descaracterização do Natal fica evidente a cada dezembro que chega.  Em prédios e shoppings de São Paulo neste ano destacam-se papais noeis gigantes, enormes bonecos de plástico.

Seu tamanho e quantidade contrasta com a ausência daquele que é a razão do Natal.   À medida que a figura de Jesus vai desaparecendo da festa a representação de papai noel aumenta e se difunde nas janelas, quintais, lojas, televisão, revistas.   

As crianças são incentivadas a crer que os seus presentes são graça dele.  Os pais modernos, tão combativos ao menor sinal de disciplina de uma professora em sala de aula, tão preocupados em se sacrificar para ¨dar aos filhos o que não tiveram em sua infância¨, de bom grado entregam à uma fantasia o crédito pelos presentes comprados, em muitos casos, com sacrifício e horas de trânsito e trabalho estressante. 

Muitos dirão que é uma fantasia, que a criança deve passar por essa fase, assim como acredita nos super heróis do momento, e nos ídolos da televisão. 

O argumento seria válido para uma sociedade que sabe distinguir a fantasia da realidade, porém, o que temos observado no mundo moderno é que enquanto o ceticismo e a desconfiança com todas as crenças e instituições aumenta, a fantasia do papai noel, do coelho de páscoa, do halloween, dos gnomos e duendes, dos vampiros, dos lobisomens, dos hobbits, dos filmes do Senhor dos anéis, de Harry Potter invadiram a entediante realidade de pessoas que perderam totalmente os parâmetros, evidenciando uma sociedade cada vez mais adoecida, baseada no indivíduo, na conquista pessoal a qualquer custo.

Que sociedade adoecida é essa que, desiludida com a religião, a política, a pobreza, a miséria, tem muita dificuldade em creditar a um Deus criador as bençãos que tem recebido, mas não hesita em fazê-lo com personagens da fantasia infantil, que acabam se transformando na crença e realidade dos adultos? 

Por isso, dentro desse mesmo espírito, a propaganda de Natal de uma grande rede de TV e de um grande supermercado concordam na pequena máxima individualista: ¨Um feliz Natal é você quem faz¨.  O princípio não deixa de estar correto ao chamar à responsabilidade pessoal, à luta e ao trabalho.  O espírito da mensagem é questionável ao exaltar o homem como um deus, uma criatura que tem muitos direitos e poucas responsabilidades.  Esse espírito está impregnado na sociedade moderna ensinando que devemos ser felizes a qualquer custo.

É importante relembrar que vivemos em sociedade e que não existe felicidade individual.  É possível buscar a felicidade e a realização pessoal sem esquecer disso.  

Somos atualmente cerca de 7 bilhões de habitantes neste planeta.  Se 7 bilhões de ¨deuses¨ se acharem sempres corretos, com mais direitos do que deveres, e buscarem desesperadamente a sua felicidade pessoal sem atentar para o coletivo, fica fácil entender porque, apesar do grande avanço tecnológico e das conquistas da medicina vivemos uma era de incertezas e temor, onde a depressão, o estresse, as doenças da alma, a miséria continuam escravizando grande parte da população, e não apenas dos países pobres; porque o comércio das drogas, com suas terríveis consequencias, está dominando o mundo.

As criaturas da fantasia são vazias e desprovidas de mensagem.  Analise cada uma delas.  Com certeza você não encontrará nada parecido com as bem-aventuranças, com o Sermão da Montanha, com exemplos de amor e dedicação ao próximo.   Fica fácil entender também porque é mais cômodo aceitar, indistintamente, todo tipo de fantasia à aceitar a mensagem do aniversariante.  

¨O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração de vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor¨ – Lucas 4:18-19.